top of page

Miragem

Atualizado: 12 de jun. de 2022


ree

"A ciência moderna nos fala de uma extraordinária série de interrelações. Os ecologistas sabem que uma árvore queimando na floresta tropical da Amazônia altera de algum modo o ar que respira um cidadão de Paris, e que o tremor da asa de uma borboleta no Iucatã mexicano afeta a vida de uma samambaia nas Hébridas. Biólogos estão começando a revelar a fantástica e complexa dança dos genes que criam a personalidade e a identidade, uma dança que se estende longe no passado e mostra que cada assim chamada identidade se compõe de um vórtice de diferentes influências. Os físicos nos apresentam ao mundo dos quanta, um meio espantosamente parecido com o descrito por Buda na sua imagem da rede cintilante que se desdobra pelo universo. Tal como as jóias na rede, todas as partículas existem potencialmente como combinações diferentes de outras partículas. Assim, quando olhamos de verdade para nós mesmos e para as coisas à nossa volta que antes tomamos por tão sólidas, tão estáveis, tão duradouras, descobrimos que não tem mais realidade do que um sonho.

No Samadhirajasutra, Buda disse:


Saiba que todas as coisas são assim:

uma miragem, um castelo sem nuvens,

um sonho, uma aparição,

Sem essência, mas com qualidades que podem ser vistas.


Saiba que todas as coisas são assim:

como a lua num céu brilhante

em algum claro lago refletida,

ainda que para aquele lago a lua jamais se moveu.


Saiba que todas asa coisas são assim:

Como um eco que provém

Da música, sons e lamentos,

embora neste eco não haja melodia.


Saiba que todas as coisas são assim:

Como um mágico que fabrica ilusões

De cavalos, bois, carroças e outras coisas,

Nada é como parece.


A contemplação dessa qualidade da realidade em que ela é similar a um sonho não precisa de modo algum nos deixar indiferentes, desesperançados ou amargurados. Ao contrário, ela pode revelar em nós um humor cálido, uma suave forte compaixão que mal sabíamos que existia em nós, e uma generosidade cada vez maior com todos os seres e coisas.”



Trecho extraído do “O Livro Tibetano do Viver e do Morrer” Capítulo 3, Reflexão e Mudança, de Sogyal Rinpoche. Editora Talento


Crédito: imagem RosAna Reis





 
 
 

Comentários


                                                                                        QUE TODOS OS SERES SEJAM FELIZES                                                                                       



Créditos do blog:
Xilografias de J Borges
Fotos da Reserva Mãe do Ouro são do fotógrafo André Fogatti.
Desenvolvimento do Blog e Redes Sociais: Maíra Alonso
Revisão dos textos: Cecília Leonor Brescianini

 

© 2022 por Semeadura. Feito por Maíra Alonso

bottom of page